Martha Oliveira e Gaia Claumann vão debater o tema no 20º CBQV, destacando que o mundo híbrido deve ser inclusivo e acessível a quem está envelhecendo
A população brasileira está envelhecendo. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho, mostraram que, em 2021, o Brasil passou a ter 10,2% de sua população formada por idosos com 65 anos ou mais de idade. De acordo com o levantamento, a população brasileira foi estimada em 212,5 milhões de pessoas. Destas, 21,6 milhões tinham 65 anos ou mais de idade.
O tema é importante e não poderia ficar de fora do 20º Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida (CBQV), que a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV) vai realizar nos dias 4 e 5 de outubro, em formato híbrido, no Instituo de Ensino e Pesquisa Sírio-Libanês, em São Paulo.
A médica Martha Oliveira, CEO e founder da Laços Saúde e estudiosa do envelhecimento populacional, que é uma das palestrantes da mesa-redonda “O Desafio de Envelhecer no Mundo Híbrido”, que será realizada na manhã do segundo dia do 20º CBQV, explica que muito se fala que o idoso é incompatível com as tecnologias, quando, na verdade, é o oposto.
“Não usar as soluções tecnológicas no mundo que temos é ruim, pois temos tantos recursos onde a inovação pode ajudar na assistência, compondo, estando junto e não substituindo os profissionais de saúde no cuidado. Com o híbrido temos uma oportunidade enorme de melhorar e diminuir o preconceito, para introduzir esse tema na nossa sociedade”, afirma Martha.
A médica antecipa que no Congresso da ABQV vai apresentar sua experiência com o tema e debater: Os idosos gostam de tecnologia? O quanto o mundo digital pode apoiar no cuidado tradicional assistencial presencial? E apresentar resultados sobre essas questões.
“Estamos atrasados em comparação a outros países quando o assunto são novas tecnologias no cuidado das pessoas idosas. E um dos motivos é o etarismo, que é esse preconceito contra o idoso, imaginar que ele não tem capacidade ou não quer usar a tecnologia”, explica a médica.
Ela comenta que fora do Brasil os idosos vivem:
Em casas monitoradas, mas moram sozinhos;
Pacientes com Alzheimer, com perda de memória importante, que conseguem ter autonomia.
“Isso é muito legal, porque a tecnologia também ajuda na autonomia das pessoas, no monitoramento a distância, na prevenção das doenças, no diagnóstico precoce, enfim, promover a saúde e não cuidar da doença, isso é crucial para que a gente consiga a sustentabilidade do setor”, ressalta Martha.
Adaptações
Para Gaia Salvador Claumann, bacharel em Educação Física e técnica na Coordenação-Geral de Promoção da Atividade Física, do Departamento de Promoção da Saúde, da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, do Ministério da Saúde (MS), que também participará da mesa-redonda sobre o envelhecimento, o mundo híbrido deve procurar ser inclusivo e acessível às pessoas que estão envelhecendo, para poderem continuar sendo funcionais e contribuindo com o desenvolvimento da sociedade.
“Considerando este cenário, as empresas e as organizações também enfrentam e enfrentarão muitos desafios, os quais estão relacionados não somente à inclusão de trabalhadores com idades mais avançadas, mas, também, à adaptação das novas formas de trabalho com o uso das tecnologias, considerando ainda o ambiente doméstico como possível local de trabalho e as implicações dessa realidade para a saúde”, pondera Gaia.
No 20º CBQV, a técnica do MS adiantou que pretende abordar:
A inter-relação entre a importância da prática de atividade física durante todos e em cada ciclo de vida, como parte essencial do processo de envelhecimento saudável e com qualidade de vida;
O trabalho no mundo híbrido; e
Algumas ações do Ministério da Saúde que visam contribuir para a promoção da saúde e a prevenção de doenças, considerando este cenário, como a publicação e a implementação do Guia de Atividade Física para a População Brasileira, entre outras.
“A prática de atividade física, junto à alimentação adequada e saudável, está entre os principais fatores do estilo de vida relacionados à promoção da saúde, da qualidade de vida, à prevenção de agravos e de doenças, além de contribuir para o tratamento e para a reabilitação de diversas condições de saúde de toda a população. Ela também é muito importante no processo de envelhecimento no mundo híbrido e deve fazer parte da rotina dos trabalhadores não para compensar os efeitos dos comportamentos sedentários, mas para reduzir os riscos à saúde e melhorar a qualidade de vida”, destaca Gaia.
Serviço
20º Congresso Brasileiro de Qualidade de Vida (CBQV)
Mesa Redonda: O Desafio de Envelhecer no Mundo Híbrido
Data: 05/10
Horário: 10h30 - 12h
https://abqv.org.br/congresso/ |
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