Importantes nomes das especialidades envolvidas no tratamento de pacientes com câncer de pele abordam o papel da imunoterapia antes da cirurgia em casos de melanoma, da reconstrução em diferentes tumores de pele, da cirurgia de Mohs e outros procedimentos com controle microscópico, entre outros avanços, com olhar sobre como tornar essas terapias mais acessíveis no Brasil. Simultâneos, o III Congresso Brasileiro e o I Congresso Internacional de câncer de pele ocorrem de 10 a 12 de outubro, em São Paulo. Informações em https://cancerdepele2024.com.br.
Com mais de 80 palestrantes, entre eles seis convidados internacionais, o III Congresso Brasileiro (CBPC 2024) e o I Congresso Internacional de Câncer de Pele, ambos com organização da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), ocorrem simultaneamente em São Paulo nos dias 10 a 12 de outubro, trazendo os avanços, controvérsias e novas perspectivas em tratamento dos tumores cutâneos. O câncer de pele não melanoma é o mais comum na população brasileira, com 220 mil novos casos anuais previstos para 2024 e 2025, o que representa 31% de todos os casos de câncer no país. Além deles, são registrados mais 9 mil casos anuais de melanoma.
Nos dois eventos, que serão sediados no Amcham Business Center, na Chácara Santo Antônio, na capital paulista, vão se reunir cirurgiões oncológicos, oncologista clínicos, radio-oncologistas, cirurgiões plásticos, dermatologistas, patologistas, entre outros profissionais voltados para a pesquisa e para o cuidado interdisciplinar dos pacientes com câncer de pele não melanoma e melanoma, que irão debater os avanços, perspectivas, controvérsias e acessibilidade do tratamento. “Será um congresso intenso, com temas relevantes, abordados por palestrantes de extrema importância no cenário da oncologia nacional e mundial e será uma ótima oportunidade para buscarmos a padronização das abordagens voltadas aos pacientes com câncer de pele. Além disso, algumas discussões vão colocar, frente a frente, posições divergentes sobre alguns procedimentos, com foco em entender qual é o perfil do paciente que melhor se beneficiaria de um acesso pleno a determinada terapia”, destaca o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO e titular do Hospital de Base, de Brasília.
Na programação científica, os convidados de instituições internacionais são o cirurgião de cabeça e pescoço Abel Gonzáles, do Instituto Alexander Fleming (IAG) e do Instituto de Oncologia Ángel H. Roffo, ambas da Argentina; Ahmad Tarhini, Professor de Ciências Oncológicas na University of South Florida Morsani College of Medicin e pesquisador da Faculdade de Medicina da Pittsburgh University e do Moffitt Cancer Center, dos Estados Unidos; Carolyn Nessim, cirurgiã oncológica no hospital da Universidade de Otawa e presidente eleita do Sociedade Canadense de Oncologia Cirúrgica (CSSO), no Canadá; Dardo Etchichury, cirurgião do Instituto Alexander Fleming (IAG), da Argentina; o brasileiro Rogério Neves, Professor professor de Cirurgia na University of South Florida e do Moffitt Cancer Center, nos Estados Unidos e Tina Hieken, vice-presidente do Programa de Padrões de Cirurgia do Câncer do American College of Surgeons e de vários comitês nacionais e conselhos editoriais, dos Estados Unidos.
De acordo com o cirurgião oncológico e presidente da Comissão organizadora do CBCP 2024, Matheus Lôbo, o encontro dedicará a mesma atenção para os tumores de pele não melanoma e melanoma. “Por terem uma menor taxa de mortalidade, os tumores de pele não melanoma são pouco falados em geral. Porém, é fundamental não negligenciar essa doença, pois ela pode deixar sinais visíveis na pele, que requerem avançadas técnicas de reconstrução, sobre as quais vamos dedicar, por exemplo, uma ampla programação pré-congresso – além de aulas especiais no congresso - para atualização em cirurgia plástica e para suprir a falta de padronização deste ensino nas residências médicas no Brasil”, afirma Matheus Lôbo.
Imunoterapia antes da cirurgia
Dois convidados internacionais, Ahmad Tarhini e Tina Heiken, vão traçar um paralelo entre as suas expertises e o que foi trazido no estudo Nadina, recentemente apresentado no Congresso Anual da ASCO. Este é o primeiro estudo de fase 3 que avalia a imunoterapia (nivolumabe e ipilimumabe) neoadjuvante (antes da cirurgia) em 423 pacientes com melanoma ressecável, em estágio 3, não tratados previamente. A conclusão dos autores foi que essa abordagem de imunoterapia deve ser considerada um novo tratamento no melanoma macroscópico em estágio III.
Por sua vez, opina Matheus Lôbo, embora o estudo tenha trazido uma evidência importante, ainda há questões a serem respondidas. “Devemos fazer isso para todos? E, ao fazer, devemos sempre usar as duas imunoterapias em combinação ou uma só pode ser suficiente? Deve-se realmente fazer a linfadenectomia completa, como foi o caso deste estudo, ou seguir os trabalhos que sugerem tirar só o tumor?”, questiona o cirurgião da SBCO.
A expectativa é que possíveis soluções para estas perguntas sejam possíveis no debate a ser trazido nas aulas de Ahmad Tharini, sobre “Resposta patológica completa após neoadjuvância: o que fazer do ponto de vista sistêmico?” e de Tina Hieken, sobre “Resposta patológica completa: só a retirada do linfonodo index é suficiente?”.
Cirurgia de MOHS
Técnica cirúrgica que permite o controle microscópico das margens de certos tumores para garantir o melhor resultado médico e estético possível. Essa é a técnica de Mohs, um dos temas mais aguardados por quem estará no CBPC 2024. Dentre os convidados deste tema está o argentino Abel González, o primeiro a adotar essa abordagem cirúrgica em seu país.
Com a cirurgia de Mohs, também conhecimento como cirurgia micrográfica, é possível tratar carcinomas basocelulares e espinocelulares, além de outros tumores de pele não melanoma, com foco na reconstrução de áreas da pele após a remoção dos tumores cutâneos, oferecendo ao paciente melhores resultados estéticos. “Ao ter precisão microscópica nas margens de segurança durante a cirurgia - ou seja, saber o quanto se deve retirar de tecido além do tumor, com menor risco de extrair mais do que seria necessário. Com isso, potencializa o resultado da reconstrução e oferece uma recuperação mais rápida para o paciente”, ressalta Lôbo. Em um dos principais estudos de Abel González, publicado em 2021, a taxa de recorrência entre 170 pacientes tratados com cirurgia de Mohs foi de apenas 4,1%. Durante o evento, o especialista argentino promete apresentar sete soluções práticas para reconstrução em tumores de pele. Ainda sobre cirurgia micrográfica, o brasileiro Rogério Neves fará uma análise crítica de seu uso em casos de melanoma.
Serviço
III Congresso Brasileiro de Câncer de Pele / I Congresso Internacional de Câncer de Pele
Organização: Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO)
Data: 10 a 12 de outubro de 2024
Local: Amcham Business Center
Endereço: Rua da Paz, 1431 - Chácara Santo Antônio, São Paulo-SP
Inscrições e programação completa: https://cancerdepele2024.com.br |
|
|
|